
24 de jul. de 2025
Não existe equipe sobrecarregada: existe falta de controle sobre o que realmente gera receita
Em empresas de serviço, uma sensação comum entre líderes e sócios é a seguinte: “Nosso time está no limite, estamos sempre no corre, e mesmo assim a margem segue apertada”. Parece contraditório, mas não é. A verdade é que muitas empresas vivem uma ilusão de produtividade. O time está sempre ocupado, mas ocupado com o quê exatamente? Esse é o ponto cego que afeta diretamente a lucratividade — e que pode ser iluminado por um indicador brutalmente simples e negligenciado: o chargeability.
O que é Chargeability?
Chargeability nada mais é do que a porcentagem do tempo de um profissional que é, de fato, faturável ao cliente. Em outras palavras: quantas horas do seu time realmente geram receita? São aquelas horas dedicadas a projetos, entregas, consultorias ou qualquer atividade que pode ser cobrada. Parece óbvio, mas poucos líderes conseguem responder isso com precisão.
A fórmula é direta: Chargeability = (Horas faturáveis ÷ Horas totais disponíveis) × 100. Se um colaborador tem 40 horas disponíveis na semana e dedica 32 horas a projetos faturáveis, seu chargeability é de 80%. Até aqui, tudo bem. Mas o problema começa quando esse número é baixo — e você nem sabe disso.
Por que Chargeability importa?
Porque sem medir o chargeability, você pode estar tomando decisões às cegas. A primeira é sobre rentabilidade: quanto maior o chargeability, mais esforço está sendo convertido em receita. Equipes com carga alta e faturamento baixo, na prática, estão girando em falso. O segundo ponto é a eficiência operacional: chargeability baixo é um termômetro de desperdício. Indica que tempo está sendo consumido em tarefas internas, reuniões desnecessárias, retrabalhos ou pura desorganização.
Existe ainda uma terceira dimensão ignorada: previsibilidade financeira. Quando você sabe exatamente quanto tempo do time é monetizável, sua capacidade de precificar, projetar receita e tomar decisões sobre contratações se torna muito mais precisa. E isso nos leva à quarta implicação: clareza na tomada de decisão. Chargeability é o que te diz se você precisa realmente contratar mais gente — ou apenas gerenciar melhor os recursos que já tem.
Aliás, aqui está a verdade dura que muitas empresas precisam encarar: sua equipe não está sobrecarregada. Está mal alocada. A gestão de projetos é fraca, a cultura interna permite o desperdício de tempo, há uma falta de priorização clara sobre o que gera valor para o cliente. E enquanto isso, você segue contratando, queimando margem e perpetuando o ciclo.
Antes de pensar em ampliar a equipe, coloque os números na mesa. Calcule o chargeability. Identifique onde o tempo está escorrendo. Reduza ruído. Enxugue reuniões. Realoque com inteligência. E só depois disso, se necessário, contrate.
Porque no final das contas, produtividade real não é sobre estar ocupado — é sobre estar faturável.